quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Comunicar

Percebo hoje a necessidade de ter um mundo só meu. Nem tudo deve ser compartilhado.
Confesso que essa vida on line nem sempre ajuda e mais atrapalha para que isso de fato ocorra, já que os pensamentos voam numa velocidade assustadora e meus dedos correm para transcrever aqui o intangível.
Deve ser mal de aspirante à comunicador.
Aquela ânsia de falar, falar e falar.
E por mais que fale, a sede de se comunicar de todas as formas possíveis é insaciável.
Nós queremos é falar, escrever, expressar,transmitir, compartilhar. Quando me refiro à nós, estou falando de comunicadores e/ou pessoas comunicativas. Falamos tanto para aliviar a pressão que todos os pensamentos fazem na nossa cabeça, tendo a sensação de que se não falarmos uma hora vai explodir.
Temos necessidade de socializar.
Quanto mais gente, melhor.
Absorvendo tudo o que for possível, nem que seja dormindo, por osmoze mesmo.
Azar.
Tem que saber, tem que transmitir, tem que criar.
Particularmente, acredito que seja uma boa forma de canalizar a minha hiperatividade. Tenho sede por cultura, sede pelo o que é diferente.
Saber mais me fascina.
Transmitir mais me satisfaz.
E depois de explodir emoções em palavras, volto àquela necessidade de ter um mundo só meu em que nem tudo é compartilhado. Enjoo desse mundinho fechado em apenas algumas horas e volto a compartilhar.
Ahá!
Mais um ciclo num corriqueiro dia de novembro...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Perfil

Depois de muita análise, mas ainda não suficiente - só pra deixar registrado - e incessantes persistencias (pleonasmo? sempre gostei mesmo...) nos mesmo erros banais, acredito que agora sou capaz de dizer que conheço um pequeno pedaço de mim. Hoje consigo ver uma menina-mulher ambiciosa, mas com receio de agir. Com tanto medo de errar que acaba muitas vezes estática diante das horas desse ensolarado dia de novembro que passa lentamente. Com desejo de aventuras, que não suporta monotonia e que só aprende vivendo porque quer viver, porque não se conforma em não experimentar tudo aquilo que fascina, que faz dois olhos castanhos sonhadores ainda sonhar. Que quer quebrar as regras e tabus que não permitem ou que intimidam a fazer tudo que se quer fazer, sem medo ou preconceito. A inteligente preguiçosa, um trem ingovernável que sempre deixa bagunça por onde quer que passe. E que bagunça gostosa, como me satisfaz ser assim! Desviando-se dos obstáculos levo alguns arranhões na lataria e mais outros um tanto dolorosos em alguns vagões, mas que graça teria se não fosse assim? Pensamento veloz, mais rápido do que meus lábios podem pronunciar ou meus dedos digitar. Sempre com pressa, com ânsia de estar em sintonia com os pensamentos.Amante da liberdade, curiosa por natureza. Escondo entre meus vagões tesouros preciosos, por insegurança, medo de te-los roubados; mas aquele que permito que os achem jamais esquecerá do que ali viveu e da intensidade do brilho do restrito amor que ali está à espera daquele à quem o acesso foi permitido. E ao explorar os vagões deste trem, encontra-se muita bagagem à espera de alguém que não tenha medo do que está por vir. Teria ele coragem de abrir?

domingo, 1 de novembro de 2009

Um ano

180º .
Pára.
Olha.
Tudo fora de ordem.
A essência, pra onde foi?
Já nem sei mais quem eu sou.
Os ares de primavera me trouxeram o perfume de primaveras passadas e as recordações, hoje tão abstratas, me fazem questionar em que me transformei.
É difícil de admitir, mas quando algo machuca, é mais fácil desistir.
Ainda bem que nem tudo dói.
Na verdade, pouca coisa dói.
Caí da bicicleta. Doeu. Nunca mais andei.
Levei tombos maiores, mas não desisti. Não sei explicar o porquê, mas simplesmente não machucou.
Escrevo hoje por que nesta exata data, há um ano, meu mundo parou. Congelei. Aquelas situações que parece que o coração pára,sabe?
O problema é que não passou. O coração congelou. O coração parou. Parou de sentir, de se abrir, de se entregar. Talvez, ouso dizer, tenha até parado, por alguns instantes, de amar.
Até então o tombo da bicicleta tinha sido o pior. Desde então, não encaro mais aquela bicicleta enferrujada no canto da garagem com tanto desdém e rancor.
Lembro do que minhas avós me diziam e como as palavras de ambas encaixam perfeitamente na comédia dramática à qual a minha vida se transformou.
"Não escuta pelo ouvido, escuta pelo couro"
"O que arde, cura"
Não escutei. Não vi os avisos em luminosos que piscavam frenéticamente diante dos meus olhos. Cometi os mesmos erros de sempre. Errar uma vez é humano, duas na mesma é burrice. Bom, fui burra. "Toda burra", segundo um conhecido meu. Não aprendi ouvindo, tive que sentir. E ardeu.
Mas...o que arde,cura.
E só sentindo aquela dor ardendo dentro de mim é que pude curar, amadurecer.
Mudei. Com certeza pouco tenho daquela Amanda de um ano atrás. Talvez um pouco da hiperatividade, do sorriso exagerado. A fachada continua a mesma, mas o salão mudou. Está mais forte, mas seletivo às visitas mas também mais frio.
Quem sabe o verão não empresta um pouco do seu calor?
Todos esperam que sim...