180º .
Pára.
Olha.
Tudo fora de ordem.
A essência, pra onde foi?
Já nem sei mais quem eu sou.
Os ares de primavera me trouxeram o perfume de primaveras passadas e as recordações, hoje tão abstratas, me fazem questionar em que me transformei.
É difícil de admitir, mas quando algo machuca, é mais fácil desistir.
Ainda bem que nem tudo dói.
Na verdade, pouca coisa dói.
Caí da bicicleta. Doeu. Nunca mais andei.
Levei tombos maiores, mas não desisti. Não sei explicar o porquê, mas simplesmente não machucou.
Escrevo hoje por que nesta exata data, há um ano, meu mundo parou. Congelei. Aquelas situações que parece que o coração pára,sabe?
O problema é que não passou. O coração congelou. O coração parou. Parou de sentir, de se abrir, de se entregar. Talvez, ouso dizer, tenha até parado, por alguns instantes, de amar.
Até então o tombo da bicicleta tinha sido o pior. Desde então, não encaro mais aquela bicicleta enferrujada no canto da garagem com tanto desdém e rancor.
Lembro do que minhas avós me diziam e como as palavras de ambas encaixam perfeitamente na comédia dramática à qual a minha vida se transformou.
"Não escuta pelo ouvido, escuta pelo couro"
"O que arde, cura"
Não escutei. Não vi os avisos em luminosos que piscavam frenéticamente diante dos meus olhos. Cometi os mesmos erros de sempre. Errar uma vez é humano, duas na mesma é burrice. Bom, fui burra. "Toda burra", segundo um conhecido meu. Não aprendi ouvindo, tive que sentir. E ardeu.
Mas...o que arde,cura.
E só sentindo aquela dor ardendo dentro de mim é que pude curar, amadurecer.
Mudei. Com certeza pouco tenho daquela Amanda de um ano atrás. Talvez um pouco da hiperatividade, do sorriso exagerado. A fachada continua a mesma, mas o salão mudou. Está mais forte, mas seletivo às visitas mas também mais frio.
Quem sabe o verão não empresta um pouco do seu calor?
Todos esperam que sim...
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